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Como garantir o fortalecimento da mobilidade nacional no cenário energético?

7 de dez

Soluções sustentáveis foram debatidas durante o Painel “Gestão Energética”, do WEB FÓRUM SAE BRASIL

Soluções sustentáveis podem trazer grandes vantagens para o Brasil e para o mundo, sejam no âmbito ambiental como intelectual. Atualmente existe um grande esforço dos governos, academias e indústrias em viabilizar energia de baixo carbono para o transporte, a fim de reduzir os gases do efeito estufa e assim conter o aquecimento global.

Com o objetivo de discutir o tema, a WEB FÓRUM SAE BRASIL realizou em seu último dia de evento o Painel “Gestão Energética”, moderado pelo pesquisador e professor titular da UNICAMP, Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, com a participação do gerente de pesquisa e desenvolvimento da Mahle, Everton Silva, o diretor-executivo da Hytron, Daniel Lopes, e o diretor-executivo da AVL South America, Eugênio Filho.

O professor Gonçalo fez uma breve explanação sobre o que são as células biocombustíveis, seus riscos e oportunidades, afirmando que a emissão de CO₂ é um problema mundial. “Este é o primeiro grande problema da humanidade, que o enfrenta de forma homogênea”, frisou.

Segundo ele, antes de tudo é importante quebrar alguns mitos. “Muitos dizem que a grande solução para evitar CO₂ é o uso da bateria. Esta lógica não faz sentido. Quando a bateria descarrega, ela precisa ser recarregada. Este processo é feito por energias fósseis que emitem tudo aquilo que se quer evitar”, pontuou Gonçalo.

No Brasil, uma alternativa é utilizar o etanol, que possui alta densidade energética. “Já temos tecnologia para pegar a molécula do etanol, misturar com água, passar para um reformador e assim concentrar este CO₂ verde e liberar hidrogênio. Quanto melhor o reformador, mais puro será o hidrogênio”, explicou o pesquisador.

Alternativas tecnológicas

A eletrificação da mobilidade é inevitável e está em transição. Diversos países estão direcionando seus esforços para tornar isto uma realidade. Contudo é importante ressaltar que os veículos elétricos possuem uma eficiência maior quando associados de forma híbrida com sistema de bateria. “Quando falamos de veículo elétrico é importante destacar a possibilidade de usar vetores energéticos como combustível”, sinalizou Daniel.

Ao possuir um veículo elétrico, que normalmente é híbrido, é possível obter máxima eficiência, uma vez que a bateria consegue gerar a frenagem e armazenar energia. O etanol consegue trazer esse vetor energético renovável. “Quando temos um hidrogênio como vetor, conseguimos produzi-lo a partir de diversas fontes renováveis, como a eletricidade e biogás. Dessa forma há cada vez mais opções que que podem fazer a diferença para a mobilidade, reduzindo a emissão de carbono”, ressaltou Lopes.

Eugênio Filho reforçou sua visão sobre as células de óxido solo (SOFC). “Com o financiamento da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), estamos construindo estas células para alimentar um carro elétrico”, contou. O sistema formado pelas células é um conjunto também composto por um reformador e um queimador para poder esquentá-lo, entre outros. “Atualmente este conjunto está sendo fortemente desenvolvido no setor de energia estacionária, mas ainda não está disponível para o setor automobilístico”, revelou.

Eugenio alertou que o valor do etanol de cana como combustível não deve ser perdido no Brasil. “Na Europa o etanol não é valorizado, pois lá não tem as terras e o etanol de cana disponível. Ou seja, não há forças suficientes para caminhar nesta direção. Existem estudos sobre o etanol de trigo para assim não abandonar esta tecnologia”.

No Brasil há um grande potencial para a produção de etanol de cana e vem evoluindo, por isso não se deve nesse momento se desfazer do etanol e apostar totalmente na tecnologia dos veículos elétricos. “As soluções vão andar juntas. Nesta fase de transição, o veículo elétrico já é uma realidade que compete com outras tecnologias, porém exige infraestrutura”.