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Não se pode pensar o futuro sem sustentabilidade

8 de dez

Painel do WEB FÓRUM contou com a participação de especialistas que debateram as oportunidades e desafios da mobilidade sustentável

A mobilidade em si quando considerada como a gestão do movimento de bens e pessoas já representa um grande desafio em um planeta finito com população crescente. Some-se a isso um momento marcado por duas grandes pressões, como as mudanças climáticas e a Covid-19.

Nesse contexto de transição, entender como a tecnologia, os novos modelos de negócio, os novos papeis de organizações e de pessoas podem contribuir para a mobilidade sustentável e para o desenvolvimento da região e do país é fundamental. Foi com esse propósito que o painel Sustentabilidade do WEB FÓRUM SAE BRASIL trouxe dois casos de liderança responsável e empreendedorismo em mobilidade que  conectaram, inspiraram e transformaram o conhecimento em ações práticas. Fatores como a tecnologia e a inovação, quando bem alinhados, podem contribuir com a construção da mobilidade sustentável brasileira.

Moderado pelo mentor de Sustentabilidade SAE BRASIL e sócio-fundador da Fractal,  Marlúcio Borges, o painel contou com a participação de Taynaah Reis, fundadora e CEO da Moeda Seeds Bank, que trabalha para implantar práticas sustentáveis de longo prazo e promover o crescimento local que gera desenvolvimento global; e também de Alexandre Fernandes Filho, diretor-executivo da MOTI New Planetary Narratives, que cria projetos culturais e educacionais para cultivar um novo ponto de vista sobre a sustentabilidade.

A tecnologia pode ser uma grande aliada para quem busca alcançar a sustentabilidade, gerando resultados impressionantes para a sociedade e os negócios. “Pelo ponto de vista da mobilidade social hoje, vemos o quanto é importante usufruir da tecnologia. Trabalhamos com agricultores que tiveram mais oportunidades, durante a pandemia, uma vez que eles já possuem um e-commerce e participam de marketplace”, revelou Taynaah.

No auge da quarentena, com diversas feiras orgânicas fechadas, a fundadora da Moeda Seeds Bank lançou um e-commerce, que possibilitou a comercialização e o contato direto com o cliente, evitando assim também o desperdício nas próprias feiras e facilitando a compra de produtos. “Este é um grande exemplo de como a mobilidade dos agricultores, que vem com a tecnologia, facilita e também ajuda a exponenciar a receita final”.

Importante ressaltar que para isto se tornar realidade é necessário trabalhar com fundos de crédito, promovendo o microcrédito e mais do que isso: oferecer o acesso à educação. “Um dos nossos programas iniciais é analisar o cenário do negócio e como é possível viabilizar a ideia, beneficiando toda uma cadeia”, pontuou Taynaah.

Futuro

Voltando o olhar para o futuro, o diretor-executivo da MOTI explica que há diferentes futuros, mas todos sempre caminham com sustentabilidade, boa convivência e equilíbrio. “É muito difícil pensar em futuro quando se está em um cenário que não tem como prever muito. A pandemia é uma prova disso. A aceleração com que as coisas vem acontecendo é muito rápida”, ressaltou. Contudo, Alexandre destacou que o Museu do Amanhã, que se tornou referência mundial em sustentabilidade e justiça social, pode auxiliar no entendimento de que os futuros possíveis são resultados das ações sociais hoje.

Em sua apresentação, Alexandre reforçou que o conceito de “cidade do futuro” foi primordial para escolher o local que seria o braço direito internacional do Museu do Amanhã. “Chegamos à conclusão que o local ideal seria em Amsterdã, na Holanda, por vários motivos: pela vanguarda, por ser uma cidade que faz uso da tecnologia para avançar e por possuir um equilíbrio nas vias públicas e na mobilidade.”

É preciso observar as macro tendências planetárias que estão moldando a nossa relação com o presente. Mudanças climáticas, crescimento populacional, alteração da biodiversidade, expansão do conhecimento e longevidade são fatores que refletem nessas ações. “A construção do futuro começa aqui e agora”, reforçou.

O conceito de “Cidades para pessoas”, disseminado pelo arquiteto e urbanista Jan Gehl, leva em consideração que a mobilidade deve ser segura, viva, sustentável, humana e compartilhada. Por isso é importante levar em consideração alguns princípios. “A cidade que é planejada junto com a população é focada em mover pessoas e não veículos. Ela encoraja o uso eficiente do solo, projeta a acessibilidade, evolui com o projeto ‘Emissão Zero’, promove a conectividade dos modos de transporte, além da operação compartilhada de veículos autônomos”, afirmou Alexandre.

As questões de mobilidade devem ser analisadas e estudadas para garantir um reequilíbrio do espaço público como um todo. Os participantes do painel Sustentabilidade do WEB FÓRUM acreditam que a transformação no Brasil é possível e necessária e que o setor de transportes tem um papel fundamental no desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono e alternativas que valorizem o capital natural e humano do país.