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O agro brasileiro e a jornada para agricultura de precisão

8 de out

Por: Paulo Herrmann

Existe uma expressão que eu gosto muito de usar para me referir ao agro brasileiro: “Produzir, preservar e prosperar”. Para explicá-la, é interessante observar a revolução pela qual o setor passou nos últimos 50 anos: na década de 1970, importávamos comida e não produzíamos o suficiente para alimentar toda a população brasileira, que beirava 90 milhões de pessoas. No mesmo período, o agronegócio representava meros 7,5% do nosso Produto Interno Bruto (PIB).

Era de se imaginar que, após anos de desenvolvimento da indústria e do setor de serviços no País, o agro correspondesse a uma fatia ainda menor da nossa economia. Porém, ocorreu justamente o contrário: fechamos 2020 com nada menos que 26,6% do PIB vindos do campo. De acordo com números apurados pela Embrapa em 2021, alimentamos 212,2 milhões de brasileiros e ainda exportamos produtos para 1,5 bilhão de pessoas ao redor do mundo.

Essa revolução só foi possível por alguns fatores estratégicos. Um deles é criação da Embrapa, em 1972, que é a menina dos olhos do agro brasileiro. Por meio de muita pesquisa e geração de conhecimento, a empresa nos trouxe a oportunidade de desenvolver a agricultura em um ambiente tropical – até então, as técnicas mais avançadas haviam sido criadas no contexto de regiões frias, pouco condizentes com a nossa realidade. Não tínhamos uma agricultura genuína, era uma época de sobrevivência.

Outro fator foi o papel do agricultor. Ele é o protagonista para a cadeia produtiva funcionar por trabalhar diariamente no campo, manejar as pragas e doenças nas lavouras – com intuito de elevar a produtividade e preparar o solo para o cultivo das plantas. É um trabalho árduo que ele exerce para alimentar a sociedade brasileira.

Durante esse período de transformação, tivemos a aprovação da Lei de proteção de cultivares (L9456), que foi e continua sendo fundamental para as empresas de biotecnologia investirem no desenvolvimento de cultivares de plantas no meio ambiente.

Logo em seguida, tivemos a incorporação dos organismos geneticamente modificados – os transgênicos. Hoje eles são uma realidade para vários produtos importantes no mercado, reduzindo custos e tornando a atividade agrícola mais eficiente.

Outra iniciativa extremamente importante foi a Moderfrota, o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras. Com esse recurso, em 20 anos, renovamos o perfil do equipamento e trouxemos tecnologia de última geração em nossas máquinas, que até então eram defasadas e operavam em más condições.

Além disso, quem vive do campo sabe como a produção agropecuária demanda investimento. Só que o dinheiro nem sempre está disponível no período de colheita.

Com isso, temos o incentivo do Plano Safra, sancionado em 2003 pelo Governo Federal, que concede crédito a pequenos e médios produtores, custeando insumos, equipamentos e uma série de melhorias na propriedade. Ainda contamos com grandes empresas do agronegócio que investem em tecnologia para inovar nas cadeias produtivas do setor.

Se colocarmos todos esses avanços juntos com a aprovação do código florestal brasileiro, em 2012, é possível notar que existe uma coalização não programada – gosto muito de usar este termo, uma vez que o governo não tinha um planejamento estruturado, e os fatores estratégicos foram se desenrolando paralelamente ao longo dos anos.

Por meio da mecanização, da agricultura de precisão, da conectividade e da engenharia genética, aumentamos a produção agrícola em mais de 500%, ao passo que a área cultivada cresceu apenas 60%. Toda essa transformação exige sólidas pontes entre os diferentes agentes desse ecossistema.

Hoje vemos o agro como uma grande possibilidade de carreira, pronto para abraçar os desafios de um futuro que nos exigirá produzir ainda mais alimentos e tomar conta do meio ambiente. Isso, na verdade, já é uma realidade e mostra que é, sim, possível produzir, preservar e prosperar. O Brasil está pronto para isso!

As tecnologias emergentes, a visão dos principais fabricantes sobre perspectivas de mercado e a evolução dos biocombustíveis para máquinas agrícolas estiveram entre os temas do 13º Simpósio SAE BRASIL de Máquinas Agrícolas, em formato digital, que será realizado pela Seção Regional Porto Alegre nos dias 6 e 7 de outubro.

*Paulo Herrmann é presidente da John Deere Brasil e chairperson do 13º Simpósio SAE BRASIL de Máquinas Agrícolas

13º Simpósio SAE BRASIL de Máquinas Agrícolas – Patrocínio AGCO, ArcelorMittal, Borg Warner, Braslux, CNHi, Dassault Systemes, Eaton, Erzinger, Hella,  John Deere, Perkins, Sinalsul, Schwaben, Siemens, Timken e Vallourec.