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Como será a mobilidade aérea do futuro?

3 de dez

Painel aeroespacial discute o futuro da Mobilidade Aérea Urbana e os aspectos mais relevantes para viabilizar uma transformação no transporte aéreo das grande metrópoles.

Pensar em um cenário de veículos voadores como do desenho “Os Jetsons” não é para um futuro muito distante. Grandes metrópoles terão em seus céus um tráfego significativo de eVTOLs, veículos elétricos com pouso e decolagem verticais, a um preço acessível para a população, facilitando a mobilidade de milhões de pessoas no mundo todo.

O quarto painel do primeiro dia de WEB FÓRUM SAE BRASIL se propôs a debater como será a mobilidade aérea do futuro sob diversos aspectos relacionados à sua viabilização, barreiras e desafios a serem superados. Com a moderação do Gerente de Programas P&D EMBRAER, André Gasparotti, o Painel contou com a participação de Paul Malicki, CEO da Flapper, que é a primeira plataforma de aviação executiva sob demanda do Brasil e André Stein, CEO da EVE Urban Air Mobility Solutions, que estava incubada na EMBRAERX e foi lançada como empresa independente em Outubro de 2020 para desenvolver o ecossistema da UAM (Mobilidade Aérea Urbana).

O desenvolvimento desse ecossistema é motivado principalmente pela expectativa em se ter uma mobilidade urbana mais eficiente para que as pessoas gastem menos tempo para se deslocar de um local a outro e em busca de mais segurança nos transportes, já que mais de 45 mil mortes por ano ocorrem no Brasil por acidentes de trânsito.

“A mobilidade aérea viabilizou e agilizou muitos deslocamentos. É possível voar de Nova Iorque a São Paulo em poucas horas, porém, muitas vezes, gastam-se mais algumas horas dentro da cidade para se chegar em casa. Estima-se que, em média, o brasileiro passe mais de um mês no trânsito por ano. Por isso, é preciso pensar na mobilidade aérea urbana não com a pretensão de ser a solução de todos os problemas, mas de ser um ingrediente importante nesse ecossistema, otimizando os tempos de deslocamento”, analisa André Stein.

Para que isso se torne realidade, Stein defende que é preciso olhar para o ecossistema como um todo, considerando operação, infraestrutura, controle de tráfego aéreo, além do desenvolvimento dos produtos em si. “Tudo precisa acontecer de maneira sistêmica”.

E como o Brasil pode ter um papel de destaque nessa mobilidade aérea do futuro? “Temos muitos fatores que favorecem o desenvolvimento da mobilidade aérea. O que falta é uma abordagem mais forte de inovação. Algumas das maiores frotas de helicópteros do mundo estão na América Latina, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Há muitos problemas estruturais que geram inovações. Acredito que temos recursos humanos para produzir inovação no setor, mas falta ousadia. É preciso ‘pensar fora da caixa’ e é o que as startups estão fazendo em todo o mundo. Acredito que estamos caminhando na direção correta”, salienta Paul Malicki, acenando que eletrificar aviões pode ser um dos caminhos para facilitar o processo, reduzindo muito os custos de operação.

Stein menciona a própria história da EVE, como uma spin-off da EMBRAER para acelerar o desenvolvimento da mobilidade aérea urbana. “É muito positivo esse movimento das startups ‘provocando’ as empresas tradicionais, o que desenvolve o ecossistema como um todo. Assim como o Vale do Silício, temos o ‘Vale do Paraíba’ em que conseguimos juntar o que temos de melhor em aviação com a agilidade das startups”. Para ele, as soluções geradas pela inovação não precisam ser para todos os problemas do setor, mas podem ser complementares para atacar os diversos pedaços do todo. “As startups desenvolvem pedaços da equação. Pode ser o carregador de energia do carro ou do avião, uma parte da cabine, uma solução de software específica. A participação desses players é muito importante para a ruptura e para trazer soluções inovadoras”.

Uma das formas de incentivar a inovação é trabalhar em colaboração com outras empresas e países, como, por exemplo, a parceria recém divulgada na mídia entre a EVE Urban Air Mobility Solutions e a Airservices, provedora de serviços de navegação aérea civil da Austrália, para desenvolver soluções de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Urbano. “É um movimento de cocriação”, reforça Stein.

O desenvolvimento de novas tecnologias oferece diversas oportunidades de se desenvolver no Brasil soluções para uma mobilidade aérea sustentável do futuro. Temos conhecimento, pessoas altamente capacitadas e o DNA para criar soluções sustentáveis. A união de esforços nas dimensões do Estado, Academia, Indústria e Sociedade será fundamental e o maior dos desafios para nos posicionarmos com destaque.