A necessidade urgente de descarbonização e os desafios enfrentados por indústrias

28 de out

A Revolução Industrial, no século XIX, inaugurou o modelo de produção energética que perpetua até os dias de hoje, a queima de combustíveis fósseis. 

O que, há quase 200 anos, foi uma grande inovação para a indústria, hoje se traduz em uma ameaça para ela, e para a própria sociedade, que se preocupa com o exato oposto deste histórico: a descarbonização.

Ao longo dos anos, proporcionalmente ao crescimento industrial, a emissão de gases de efeito estufa, como o gás carbônico, também cresceu. 

Este modelo energético se traduziu no aumento de temperatura do planeta, crescimento da insegurança alimentar, desarranjo da economia e um empecilho para melhores condições de vida e do planeta.

Para controlar os efeitos negativos de quase dois séculos de emissões, é preciso descarbonizar. Ou seja, reduzir a quantidade de gás carbônico, e outros gases nocivos, para a atmosfera. A grande questão não é mais o que fazer, e sim, como. 

O papel do Brasil na descarbonização

Essa transição no cenário energético, que não é exatamente recente, também é conhecida como Acordo Verde. Com a discussão, novos ecossistemas se formam e tecnologias inovadoras surgem. E alguns países colocam-se como protagonistas na discussão.

O Brasil está no centro deste debate. Nosso país é considerado uma potência mundial na produção energética, além de abrigar a área de biodiversidade do mundo, a Amazônia. Novas soluções são indispensáveis tanto para a indústria, quanto para a natureza.

Na COP 21, o Brasil assumiu os seguintes compromissos:

  • Reduzir emissões de gases de efeito estufa em até 43% até 2030; 
  • Ampliar para 66% a participação da fonte hídrica na geração de eletricidade; 
  • Ampliar para 23% a participação de fontes renováveis na geração de energia elétrica, como a eólica, solar e biomassa.

Já na COP 26, o Brasil reforçou seus compromissos, atualizando alguns números e tocando em outros pontos:

  • Reduzir emissões de gases de efeito estufa em até 50% até 2030, e zerar até 2050; 
  • Acelerar a transmissão para veículos com emissão zero;
  • Reduzir o desmatamento.

Mas de que forma isso será feito?

As diferentes rotas e soluções de descarbonização

A descarbonização passa por muitas rotas tecnológicas que competem por espaço. A eletrificação e o uso de biocombustíveis são dois caminhos já muito avançados na discussão a nível mundial.

No Brasil, o transporte representa 13% das emissões de CO₂. Destes 13%, a grande maioria (91%) é referente ao transporte rodoviário, que utiliza, majoritariamente, o diesel como combustível. 

Uma solução mais sustentável é a utilização do biodiesel, que pode ser implementado nos motores diesel atuais, sem grandes transformações. Porém, existe uma questão: a indústria de biodiesel no Brasil depende de metanol importado.

O metanol utilizado no processo hoje não é renovável. O que aponta para uma outra importante consideração. Não basta ter um produto com emissão zero, se a energia produzida para o seu desenvolvimento for uma energia suja. 

A eletrificação é outra rota já muito testada e utilizada em países desenvolvidos, e ganha contornos únicos no nosso país. A substituição de um ônibus a diesel por um ônibus elétrico, por exemplo, precisa considerar toda a situação da rede de transporte nacional.

A infraestrutura das estradas brasileiras, assim como o tempo de vida da frota de caminhões e ônibus, não são os ideais para um funcionamento saudável.

Além do uso de biocombustíveis e da eletrificação, existem outras possíveis rotas tecnológicas, como as células à combustível, que no Brasil poderiam ser implementadas   com a infraestrutura já existente.

O uso de células à combustível traz o benefício da propulsão elétrica utilizando o potencial do etanol – uma vantagem do nosso país em relação a outros.

Não existe uma solução única. A descarbonização exige uma maior dedicação por parte de cada país, cada empresa e cada região: todos possuem seus cenários e motivações específicas. O que funciona para um, não necessariamente supre as necessidades do outro.

Ações práticas da indústria brasileira voltadas para a descarbonização

Hoje, no Brasil, existem três principais iniciativas governamentais de combate ao aquecimento global: o Proconve, ligado ao Ministério do Meio Ambiente; o RenovaBio, do Ministério da Energia, e o Rota 2030, referente ao Ministério da Economia. Outros setores também estão envolvidos, de forma fundamental, neste debate.

Em 2021, foi criado o MSBC: Mobilidade Sustentável de Baixo Carbono, uma união de diferentes entidades que busca orientar o governo, ajudar na confecção de legislações e participar ativamente de estudos para soluções mais sustentáveis no campo do transporte rodoviário. A SAE BRASIL, ao lado de outras instituições, faz parte desta sociedade.

Uma das ações já tomadas foi o apoio ao projeto de lei “Combustível do Futuro”, que estabeleceu um Programa Nacional dos Combustíveis Avançados Renováveis com o objetivo de incentivar a pesquisa e fomentar a produção e consumo dos biocombustíveis avançados.

Outros desenvolvimentos dizem respeito a ações de grandes empresas. Um exemplo é a Toyota, que olha para o compromisso de descarbonização em todos os seus processos e operações. Alguma medidas já implementadas são:

  • Abertura de 20 mil patentes livres de royalties, para que mais pessoas possam estudar sobre eletrificação, acelerando a transição;
  • Pesquisa, teste e demonstração de diferentes tecnologias.
  • Patrocinadores das Olimpíadas, oferecendo um laboratório de rotas tecnológicas, pensando a mobilidade em contexto.
  • Woven City: cidade inteligente sendo construída aos pés do Monte Fuji, movida totalmente a hidrogênio. Testes realizados para futura implementação no Brasil e mundo.

Mas não são somente indústrias do campo automobilístico que vêm trabalhando para enfrentar os desafios da descarbonização. O Grupo Boticário é um grande exemplo de bom uso de transporte, com foco na neutralização dos impactos.

Em 2021, o Grupo firmou 16 compromissos sobre sustentabilidade com a ONU, que passam pelo impacto ambiental positivo e conservação da biodiversidade.

A frota do Grupo Boticário já possui mais de 40 veículos elétricos em operação, em mais de 25 cidades. Alguns indicadores para medir os efeitos da utilização de veículos elétricos são utilizados: gramas de CO² evitadas, toneladas de CO², total de km rodados, a quantidade de plantio de árvores e a quantidade de CO² neutralizada pelo plantio.

Continue nessa discussão

Como visto ao longo deste artigo, a descarbonização é um processo fundamental para a preservação da natureza, e da própria sociedade, e já está em curso ao redor do planeta.

O aumento das energias renováveis, a melhora na eficiência energética, a redução de emissões de gases de efeito estufa e o desenvolvimento de uma economia circular são soluções ligadas diretamente à descarbonização.

Existem ainda caminhos que envolvem mais diretamente a ação da natureza. A conservação do solo, da vegetação e dos oceanos também é fundamental para a neutralização dos gases emitidos na atmosfera terrestre.

A própria natureza funciona como um filtro natural, porém, se não for preservada, não consegue cumprir o seu papel primordial.

Para continuar se atualizando sobre a discussão da descarbonização e acompanhar inovações de empresas, fique por dentro do calendário de atividades da SAE BRASIL. Confira materiais exclusivos e marque na agenda os próximos eventos acessando a nossa página oficial.