Entenda a importância da eficiência energética para o desenvolvimento sustentável do mercado

20 de out

A eficiência energética é um conceito que esconde um significado simples: fazer mais, da melhor maneira possível, com menos. A complexidade está, de certa forma, no como fazer isso.

Continue lendo para entender o conceito da eficiência energética, onde ele se aplica, como pode ser medido e sua relação com a sustentabilidade e o uso de fontes renováveis de energia.

O contexto energético no mercado brasileiro

A eficiência energética está diretamente ligada com um modo sustentável de se produzir energia. Por definição, o conceito consiste na relação entre a quantidade de energia empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para a sua realização.

No Brasil, a discussão energética passa, antes de qualquer coisa, pela preocupação com a redução de emissões de gases de efeito estufa, como o gás carbônico. A descarbonização é assunto frequente e preocupação constante para profissionais do ramo.

A concretização da descarbonização passa por algumas possibilidades de rotas tecnológicas, que vão desde biocombustíveis, como bioetanol e biometano, até veículos elétricos, passando também pelo uso de fontes renováveis de energia, como a matriz hídrica.

Assim chegamos em um dos pontos mais importantes quando tratamos de eficiência energética no Brasil.

Nosso país é, hoje, dependente dos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia em âmbito nacional. As projeções apontam que, até 2025, nosso país possuirá uma matriz energética com quase 75% de fontes renováveis, somando-se energia hidrelétrica, eólica e solar.

Nosso potencial de energia renovável é imenso. Com ações sendo tomadas diariamente por empresas do ramo, e iniciativas sendo testadas, podemos esperar que o índice de eficiência energética cresça junto com as taxas de maior uso de fontes renováveis e sustentáveis.

Como o Brasil se posiciona no ranking de eficiência energética 

Dados do Atlas da Eficiência Energética do Brasil 2020, mostram que, de 2005 a 2019, nosso país ficou 14% mais eficiente energeticamente. Os maiores índices estão nos setores de transporte e residencial, com 19% e 20% de aumento de eficiência energética, respectivamente. O setor industrial está logo atrás, com uma melhora de 7%.

Para entender estes dados, e compreender que significam boas taxas, é preciso olhar para além dos números – e para além do Brasil.

De acordo com a European Environment Agency (EEA), a União Europeia melhorou sua eficiência energética em 10% entre 2005 e 2016. Nos setores residencial e industrial, as taxas ficam em 18% e 19%, respectivamente. 

Aumentar nossas taxas é um interesse comum entre as empresas, que observam redução de perdas e diminuição nos custos de produção. As iniciativas criadas com esse objetivo não são poucas – e nem recentes.

Uma delas, talvez a mais importante, é o Programa de Eficiência Energética, criado em 2000, para promover o uso eficiente de energia elétrica em todos os setores da economia. 

Através do programa, concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica são obrigadas a aplicar anualmente um montante da sua receita líquida em pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico.

Seus resultados comprovam a importância de investimento para melhorar nossos índices. Segundo dados da ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, somente com o Programa de Eficiência Energética, o Brasil economizou 52 TWh entre 1998 e 2017, a um custo médio de R$ 200/MWh e com investimento de R$ 8 bilhões.

Mas ainda é preciso evoluir muito. Estudos da ABESCO, Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia, publicados em 2017, mostram que somente em 2016, o Brasil poderia ter economizado R$ 20 bilhões em energia elétrica. Mas como fazer isto?

Eficiência energética e energias renováveis: uma combinação inevitável

Do ponto de vista técnico, projetos de eficiência energética buscam reduzir o consumo de energia elétrica através da modernização das instalações e do parque fabril. 

Da mesma forma, a evolução para o uso de energias renováveis também passa pela modernização de máquinas e instalações energéticas no país.

Segundo dados da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, no Brasil o tempo de vida médio de máquinas e equipamentos na nossa indústria é de 17 anos. Para comparação, na Alemanha a média é de 4 anos e, nos Estados Unidos, 7.

Evoluções do ponto de vista técnico já são vistas no Brasil, mas ainda é preciso caminhar muito. Tudo isso, em conformidade com a preocupação ambiental e sustentável que o mercado energético brasileiro (e mundial) possui.

É importante lembrar que, na COP 21, o Brasil assumiu os compromissos de reduzir emissões de gases de efeito estufa em até 43% até 2030; ampliar para 66% a participação da fonte hídrica na geração de eletricidade e ampliar para 23% a participação de fontes renováveis na geração de energia elétrica, como a eólica, solar e biomassa.

A grande disponibilidade de resíduos de biomassa no Brasil coloca nosso país em uma posição privilegiada para expandir sua capacidade de bioenergia. Assim como suas taxas de eficiência energética.

Somando-se esses dois fatores, temos um mercado sustentável para muito além da dimensão ambiental, passando ainda pela esfera social e econômico-financeira.

Afinal de contas, é preciso pensar na geração de emprego, saúde e em uma matriz energética segura, além de sustentável e eficiente.