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Inclusão na mobilidade é a missão dos futuros engenheiros

3 de dez

Painel Educação na Engenharia no WEB FÓRUM discutiu como a nova geração de profissionais está sendo preparada para as novas demandas da sociedade

Assim como a sociedade não homogênea, as necessidades de mobilidade também diferem entre os seres humanos. Pessoas idosas ou com alguma limitação também estão inseridas nesse contexto e, portanto, é preciso pensar em formas de atender às necessidades desses grupos quando se fala de mobilidade. Nesse sentido, o trabalho dos futuros engenheiros, que hoje estão nas universidades de todo o Brasil, é de extrema importância para produzir esse impacto social.

O Painel Educação na Engenharia, tradicionalmente marcado por sua pluralidade, no segundo dia do WEB FÓRUM SAE BRASIL foi palco de um debate envolvendo representantes de empresas, instituições de ensino e também um estudante universitário para uma discussão acerca da formação dos engenheiros e de como eles estão se preparando para o mercado de trabalho e para o mundo.

À medida que ocorre a evolução da sociedade e dos setores que dependem do desenvolvimento e da aplicação de tecnologia, aumenta a necessidade de adaptação por parte das escolas para que se adequem às novas demandas. É o que disse o professor Mauro Andreassa, moderador do Painel. “Nossas escolas vêm buscando alterações e atualizações para suportar essas necessidades”.

Habilidades e conhecimentos técnicos não são suficientes por si só para os estudantes, segundo o head de SE QM&HSEQ da Siemens Gamesa, Jeser Madureira. “Levamos as necessidades de robótica, programação e digitalização para dentro das escolas para que os alunos se interessem pelo mundo da engenharia e da tecnologia e se tornem o material humano nesse processo, com habilidades socioemocionais para se integrar ao planeta”.

Um conceito característico da engenharia é o de lifelong learning, que significa a necessidade de se adquirir novos conhecimentos durante toda a vida.  A gerente executiva de Corporate Relations da Scania Latin America, Patrícia Acioli apontou que a universidade tem um papel estratégico na aplicação desse conceito. “É importante o aluno ter repertório. O aprendizado é um espaço aberto, é uma plataforma na qual ele pode escolher a formação que quer”.

Integração empresa x universidade

O estudante de engenharia mecânica do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB), Leonardo Sarzedas destacou a importância de se ter uma maior integração entre os meios acadêmico e empresarial para o desenvolvimento dos alunos. “Há uma ambição pela formação de um ecossistema de inserção de trabalhos e pesquisas do meio universitário para o empresarial”.

O gerente acadêmico da Universidade Anhembi Morumbi, Augusto Gomes Júnior concordou com o posicionamento de Sarzedas. “A partir de uma visão holística, o impacto mais rápido nos alunos é uma aproximação maior das empresas com a universidade. Os projetos acadêmicos muitas vezes acabam sendo descolados do que está sendo aplicado na prática na área de tecnologia”.

Prof. Augusto Júnior, no entanto, defendeu que a iniciativa para que essa integração aconteça não deve partir somente de uma das partes envolvidas. “Os dois devem dar o primeiro passo. Essa é uma relação na qual os dois lados ganham, tanto a universidade e os alunos quanto as empresas”.

Futuro da mobilidade e as novas gerações de engenheiros

A discussão sobre o futuro da mobilidade, inclusão, diversidade e a participação dos futuros engenheiros nesse processo foi um dos pontos centrais do Painel. “A mobilidade está mais conectada. Diversidade e inclusão fazem parte desse modelo. Não existe zero emissão ou zero acidente se não pensamos nas pessoas que estão fazendo isso acontecer”, explicou Patrícia Acioli.

O gerente de Engenharia do Produto da General Motors Brasil, Carlos Pavanello afirmou que a empresa aposta em um futuro elétrico e autônomo para a geração de mobilidade para todos. “Tanto para pessoas sem deficiência quanto para aquelas com deficiência, acreditamos que a tecnologia elétrica autônoma é a solução que vai conseguir incluir todos no processo”.

O CEO da Specialisterne Brasil, que possui foco em pessoas portadoras de autismo, Marcelo Vitoriano ressaltou a importância dos engenheiros e das próprias pessoas que possuem necessidades especiais para se obter novas soluções de mobilidade inclusiva. “Existe um termo usado pelas pessoas com deficiência, que é ‘Nada sobre nós sem nós’. Precisamos trazê-las para essa discussão. Precisamos também que, os engenheiros com visão analítica e sistêmica, contribuam para que exista mobilidade para todos”.

Vitoriano sugeriu, ainda, que componentes de trabalhos voluntários voltados para as minorias devem ser incluídos nas grades curriculares de cursos de engenharia como forma de ampliar a diversidade e a inclusão. “Os estudantes podem contribuir para as organizações sociais estarem mais preparadas e profissionalizadas. Isso também vai ajudar a trazer esse tema para a vida dos futuros engenheiros”.

Para Jeser Madureira, a preocupação com o meio ambiente também está ligada à questão do futuro da mobilidade. “A sociedade como um todo precisa pensar na mobilidade, na diversidade e na responsabilidade socioambiental para o futuro. Está tudo conectado”.

Foi unânime entre todos os palestrantes que, no futuro, a mobilidade precisa ser pensada de forma a abranger todas as pessoas. Será exigida dos profissionais que hoje estão nas universidades, além do conhecimento teórico-prático e do aprendizado contínuo, uma visão holística que inclua as necessidades e as adaptações que a sociedade busca para que a mobilidade esteja ao alcance de toda a população.