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A integração sustentável da mobilidade através da transformação digital e conectividade

4 de dez

Painel do WEB FÓRUM discutiu a adoção de tecnologias, processos de inovação, tendências de mercado e os modelos de negócio que impactam a indústria da mobilidade

No futuro haverá dois tipos de empresa: aquelas que fizeram a transformação digital e as que deixaram de existir. Isso porque não será possível se manter atuando no mercado sem que se invista em tecnologia, e ela precisa ser acessível e sustentável.

O quinto painel do segundo dia de WEB FÓRUM SAE BRASIL debateu como será a próxima geração de tecnologias e produtos que estão construindo o futuro da mobilidade, processos de inovação, tendências de mercado e os modelos de negócio que impactam a indústria da mobilidade e integram fornecedores e clientes. Com a moderação do diretor da Lean Institute, Christopher Thompson, o Painel contou com a participação do sócio Diretor da J² Consultoria, Joélcio Silveira; do diretor Factory Automation da Siemens, Rafael Dias; do gerente de Engenharia de Manufatura da Montagem Final de Caminhões e Head da Indústria 4.0 da Mercedes-Benz do Brasil, Rafael Gazi; do coordenador do Programa do Governo São Paulo no Centro Paula Souza, Antônio Celso Duarte; do mentor de Tecnologia e Inovação para Transformação Digital na SAE BRASIL, Thiago Negretti; e do líder da equipe da Team CTRL, Hilton Sousa.

Mas afinal, o que é a transformação digital? A transformação digital é o uso da tecnologia para melhorar o desempenho ou o alcance das empresas, como explicou o sócio Diretor da J² Consultoria, Joélcio Silveira. Para ele, sempre que se busca pela transformação é importante antes de tudo analisar as ações que estão sendo feitas dentro e fora da empresa. Por isso, de acordo com Silveira, a função do End Customer e do Internal Transformation é cada dia mais importante e precisa ser acompanhada.

No processo de transformação digital muitos focam somente naquilo que é uma melhoria de processo interno; outros vão mais além e conseguem alcançar uma ampla mudança nos seus produtos e serviços – hoje em dia muito direcionada para a indústria 4.0. E, por fim, há as empresas que conseguem dar um passo além, buscando novos modelos de negócios no Business 4.0.

“Para nos preparar para essas transformações teremos que enfrentar algumas modificações dentro do ambiente corporativo, como: novas estruturas de clientes, novas competências, novos competidores, novas fontes de lucro para as indústrias e um novo modelo de operação”, explicou Silveira.

Nesse sentido, as empresas precisam trabalhar um conjunto de habilidades que requerem a união de várias áreas das organizações, atuando de maneira sinérgica. Além disso, é preciso melhorar os seus métodos de trabalho utilizando dados para que possam ser feitas previsões, sem nunca se esquecer de ter o cliente no centro da inovação.

Edge computing ou Cloud computing – o que podemos esperar do futuro?

O clound computing é um conceito desenvolvido há mais de 20 anos, que possibilitou a criação de um poder computacional gigantesco e disponível para as empresas e pessoas. Com esse movimento muitas tecnologias foram solidificadas, como os bancos de dados, o IoT (Internet das Coisas), e a conexão das máquinas com dados disponíveis na nuvem. Com o passar do tempo, o cloud computing apresentou muitos desafios, como problemas de cyber segurança, direitos autorais, necessidades de um middleware, dificuldade da coleta de dados da base, estruturação e infraestrutura da internet.

“Para auxiliar na maior parte desses gargalos, o Industrial Edge ganhou um novo espaço, pois sintetiza o poder computacional e o coloca em prática em vários setores da empresa, aumentando a performance e a otimização da máquina. É capaz de apresentar dados seguros de propriedade da empresa, hardware acessível na máquina com poder computacional local e real-time, conexão nativa com bases legais, gestão centralizada de aplicativos e pré-processamento de dados na nuvem”, pontuou o diretor Factory Automation da Siemens, Rafael Dias.

Embora o Industrial Edge não seja uma novidade, ele continuará ganhando mais espaço no futuro, diante da necessidade de atualização com muita agilidade e precisão. “Podemos ver essas tecnologias nos smartphones, que hoje possuem um poder computacional muito grande e fazem muitas tarefas de análise, filtrando os dados e conectando a nuvem. Outro exemplo são os carros autônomos, os quais sozinhos já são um dispositivo edge que analisa todos os sensores, dando os comandos corretos para o veículo, pois quando conectado à nuvem possui todo acesso à geolocalização”.

Indústria 4.0 a tecnologia facilitando a mobilidade sustentável

A digitalização está impactando drasticamente o setor automotivo porque apresenta alguns conceitos que ditarão as diretrizes de como a mobilidade se desenvolverá ao longo dos próximos anos, tais como: a conectividade, os veículos elétricos, os veículos autônomos e os compartilhados.

Esses quatro pilares da digitalização do setor automotivo estão intrinsecamente interligados com a sustentabilidade. “Um veículo elétrico naturalmente já polui menos, o veículo conectado pode fazer um trabalho mais eficaz na estrada, o veículo autônomo dirige de forma mais eficiente e o veículo compartilhado diminui a poluição. Essas megatendências têm um potencial de ditar o futuro e já estão moldando o presente da mobilidade sustentável”, afirmou o gerente de Engenharia de Manufatura e Head da Indústria 4.0 da Mercedez-Bens, Rafael Gazi.

Nesse cenário, a indústria 4.0 é um meio para se alcançar uma mobilidade mais sustentável. “Isso porque essas quatro megatendências demandam investimentos em pesquisa e desenvolvimento muito altos e relevantes. A indústria 4.0 vem no setor fabril exatamente para alavancar a eficiência dos processos de modo que se consiga angariar fundos para investir nessas tecnologias”, completou Gazi.

A implantação das tecnologias da indústria 4.0 gera resultados, como por exemplo, na Mercedez-Benz, onde com novos processos foi possível ampliar a competitividade da empresa, resultando em um aumento de eficiência de 15%, além de uma redução de 39% do lead time da produção. Em sustentabilidade, por meio da digitalização, a companhia eliminou completamente o papel dos processos, uma redução da utilização de 575 mil folhas por ano.

Hackatrouble: os desafios da transformação digital em tempos da Covid-19

O coordenador do Programa do Governo São Paulo no Centro Paula Souza, Antônio Celso Duarte, o mentor de Tecnologia e Inovação para Transformação Digital na SAE BRASIL, Thiago Negretti e o líder da equipe da Team CTRL, Hilton Sousa, apresentaram a iniciativa Hackatrouble e como surgiu a ideia de se manter atuante mesmo durante uma pandemia.

“Com o advento do Coronavírus estamos vivendo um período muito diferente do habitual e a mobilidade como conhecemos não é mais a mesma. Para ajudar a combater a Covid-19 e criar conhecimento mesmo dentro de casa, a comissão digital da SAE BRASIL decidiu criar um grupo com o intuito de gerar soluções inovadoras por meio de um hackathon”, explicou Thiago Negretti.

O Hackatrouble, realizado em abril desse ano, foi uma maratona virtual de programação em busca de soluções para os impactos da pandemia. Participaram mais de 400 competidores empenhados em desenvolver tecnologias para ajudar na solução de problemas nas áreas de saúde, mobilidade, negócios e social.

“O evento on-line e gratuito buscou, durante 48 horas, por soluções inovadoras com implantação em curto prazo para combater a COVID-19, atendendo os desafios propostos no Hackatrouble”, completou Negretti.

Durante o Painel no WEB FÓRUM foi possível perceber que, muito além do hardware, a transformação digital está baseada no soft skills de cada empresa. A implementação da transformação digital não é um processo simples, pois requer uma mudança de cultura da companhia que vai muito além das tecnologias em si.

O desafio é adaptar-se ou morrer em um panorama mundial no qual a tecnologia acelera o ritmo e a mudança. A transformação digital é integral, no entanto, são poucas as empresas que estão realizando em seus processos uma mudança real. “Sempre que falo de transformação digital me vem à mente o que a SAE BRASIL prega: criar uma empresa inteligente, ao ponto de não apenas reunir os dados operacionais, mas, principalmente, unir a parte de inteligência tecnológica, sem nunca deixar o cliente ou sua experiência em segundo plano”, finalizou Joélcio Silveira, da J² Consultoria.