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Pessoas com Deficiência: Equidade e Pertencimento

15 de jul

Nosso propósito, com as Conversas Inspiradoras – Pessoas com Deficiência: Equidade e Pertencimento, é inspirar. Mostrar que é possível encontrar esses profissionais e facilitar a construção desse relacionamento baseado na confiança e reciprocidade que potencializará uma experiência rica e frutífera para ambos, candidato e empresa. E como construir a ponte para esse tão necessário relacionamento?

Em primeiro lugar, é importante perceber que tipo de associação fazemos quando falamos em pessoas com deficiência e que pode resultar em percepções, julgamentos, atitudes e expressões que usamos para nos relacionar com esse público.

O conjunto de percepções que temos sobre pessoas com deficiência nos ajudou a desenvolver, sobretudo nos ambientes corporativos, alguns sensos comuns que formam as justificativas ou argumentos para a maioria das empresas não contratar esse perfil de público. São eles: toda deficiência é visível, severa e a pessoa nasceu com ela; faltam escolaridade e qualificação profissional; é incapacitada para exercer a função; preferem ter o benefício LOAS/BPC; não encontramos para contratar e há um alto custo para receber os profissionais.

A inclusão é um grande desafio para nós porque para seu sucesso pressupõe rompermos com o que pensamos sobre eles e a forma como os vemos.

Hoje, sabemos que dos 45,6 milhões de pessoas que responderam ao censo do IBGE 2010, a maioria tem limitação funcional: são 17,2% ou 32.857 milhões e com deficiência são 6,7% ou 12.748 milhões. Fonte IBGE

E que a maioria das deficiências ou limitações funcionais não é visível, portanto não é possível para uma pessoa saber se alguém tem uma deficiência ou limitação. São pessoas que não usam equipamento de apoio como muletas, cadeiras de rodas, bengalas, são pessoas com baixa audição, baixa visão, por exemplo, com perda parcial de movimento nas mãos ou nos pés. Leia mais em Prefeitura de SP.

Por consenso também acreditamos que todas as pessoas nasceram com deficiência ou mobilidade reduzida, mas de fato e através de dados apresentados pelo Ministério da Saúde sabemos que a maioria tem deficiência ou limitação adquirida.

“A base da pesquisa PNS: que é o inquérito de saúde de base domiciliar, de âmbito nacional, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2013, estimou 200,6 milhões de pessoas residentes em domicílios particulares permanentes, desse total, 6,2% possuía pelo menos uma das quatro deficiências”

  • Deficiência Física 1,3%: 1,0% por doença ou acidente
  • Deficiência Auditiva 1,1%:  0,9% por doença ou acidente
  • Deficiência Visual 3,6%: 3,3% por doença ou acidente;
  • Deficiência Intelectual 0,8 %: 0,3% por doença ou acidente

Novos conhecimentos sobre a realidade das pessoas com deficiência no Brasil se tornam aliados para inserimos esse perfil da população no contexto do mercado de trabalho.

Um estudo realizado em 2016 pelo Ministério do Trabalho, com os dados do Censo do IBGE 2010, apurou que 9,3 milhões dos entrevistados entre 15 e 64 anos declararam ter deficiência severa.

“O estudo fez uma simulação e concluiu que, mesmo excluindo todas as pessoas com deficiência severa que recebem o auxílio, é possível preencher as 730.162 vagas das cotas 9,5 vezes.” Fonte Agência Brasil

Entre as várias óticas que temos uma das mais prejudiciais e que impacta diretamente os processos de recrutamento e seleção é a que define que pessoas com deficiência não tem escolaridade e qualificação profissional.

Os dados da RAIS 2019 mostram que a escolaridade comparada entre as pessoas com e sem deficiência no mercado formal de trabalho tem grau de escolaridade semelhante.

  • Com ensino médio completo:  sem deficiência 49% e com deficiência 47%;
  • Com educação superior completa: sem deficiência 22% e com deficiência 17%

E são, em sua maioria, contratados para vagas de início ou de entrada.

Principais ocupações para pessoas com deficiência em 2019: Auxiliar de escritório; Faxineiro; Auxiliar de linha de produção; Servente de obras; Vendedor de comércio varejista. Fonte

E as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida o que elas pensam?

Em 2018 a i.Social, a Catho, a ABRH São Paulo e a ABRH Brasil realizaram a pesquisa “Expectativas; Percepções sobre a Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho” e participaram Pessoas com Deficiência, os RHs e as Lideranças.

Entre os diversos resultados, dois deles mostram como a realidade das pessoas com deficiência está apartada de como as lideranças e RHs pensam sobre elas.

Principais barreiras que você considera impeditivas para a inclusão das pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho

Para as pessoas com deficiência:  poucas oportunidades; foco exclusivo no cumprimento da cota e oportunidades ruins;

Para os RH’s  acessibilidade, foco exclusivo no cumprimento da cota e falta de preparo dos gestores;

Para as Liderança acessibilidade, foco exclusivo no cumprimento da cota e barreiras culturais.

Os três itens mais importantes e atrativos em uma oportunidade de emprego.

Para as PcD’s: Salário, Plano de Carreira e Pacote de Benefícios.

Para os RH’s e Liderança: Acessibilidade, Ambiente de trabalho sensibilizado e Programa de inclusão estruturado.

Assim, a exclusão custa ao Brasil 7% do PIB.

Fonte: Ponto final

Nós sabemos que a deficiência ou mobilidade reduzida não termina no corpo de quem a tem, não é uma doença a ser curada e também não é algo que precisa ser superado.

O modelo que se estabelece para a inclusão de pessoas com deficiência é o social: a partir do qual o indivíduo com suas singularidades (deficiências ou mobilidade reduzida) tem o direito de conduzir sua vida de acordo com suas escolhas, com autonomia (independência) e em igualdade de condições às demais pessoas, e nesse sentido estamos falando em quebra de barreiras e apoio para a acessibilidade por meio de tecnologias assistivas.

E a LBI – Lei Brasileira da Inclusão 13.146/2015 que, em todos seus artigos nos orienta, define como deficiência: pessoa que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

É chegada a hora de abrir diálogos com as pessoas com deficiência. E para falar de suas necessidades, habilidades e competências,  precisa ser apenas com elas.

Há, no mundo, 08 trilhões de dólares de renda das pessoas com deficiência disponíveis!

Fonte: THE ACCESSIBILITY ADVANTAGE

E no Brasil com a inclusão de apenas 49% do potencial de vagas abertas, as pessoas com deficiência fazendo parte da roda da economia já produzem benefícios como:

14 bilhões de reais com a compra de veículos adaptados;

1,4 bilhão em contribuições para a Previdência;

218 milhões no mínimo considerando uma cesta básica por pessoa com vínculo formal de emprego.

Quando olhamos para os desafios da inclusão e diversidade podemos ficar assoberbados pelo tamanho da montanha que temos para mover. É um assunto cada vez mais complexo, delicado – e cada vez mais necessário.

Sem perder isto de vista, se olharmos para o muito que já movemos poderemos encontrar inspiração. O case de inclusão social de pessoas com deficiência mental moderada na fabricante de autopeças Dana, em seu complexo industrial em Gravataí, no Rio Grande do Sul, traz elementos importantes.

Seja pela união de agentes como o poder público, a empresa, as consultorias especializadas e instituições como APAE e SENAI, seja pelo trabalho feito na busca de atividades em que os talentos singulares e diferenciados deste grupo poderiam ser melhor aplicados.

Outro ponto importante e inspirador é o espaço para o desenvolvimento pessoal e coletivo, que assim, vai além de atender às cotas, um planejamento amplo que traz resultados duráveis, e também protege o grupo ao reduzir o turn over.

Este enfoque mais amplo e os resultados obtidos, como o aumento de produtividade quebra paradgimas, ressignifica verdades e nos indica caminhos para uma sociedade melhor, mais justa e inclusiva, com oportunidades para mais pessoas serem pessoas, independentemente de suas condições físicas ou psíquicas, e exercer sua cidadania, o que lhes é de direito, uma multidão que segue invisível em nossa sociedade.

Por:
Mara Ligia Kiefer, Líder de Projetos e Inclusão Social na Social IN e na Somar Diversidade

Co-criação:
Edilene Caparroz, Gerente de Engenharia de Fábrica na Mercedes Benz do Brasil
Luis Pedro Ferreira, Diretor de Comunicação, Marketing e Relações Institucionais da Dana para a América do Sul.

PESQUISA: Expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho

Lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência – COMENTADA

Caso tenha perdido o Conversas Inspiradoras – Pessoas com Deficiência: Equidade e Pertencimento, assista:

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