22 de mar
O hidrogênio como combustível tem potencial enorme de se tornar uma importante fonte de energia limpa no futuro.
O hidrogênio verde, por ser renovável, inesgotável e não poluente, trará benefícios não só para a saúde, mas também para o planeta, que sofre com aquecimento global. A energia livre de carbono será capaz de abastecer carros, ônibus, caminhões, navios e aviões.
A ideia de substituir combustível fóssil por hidrogênio é antiga. As primeiras tentativas ocorreram na década de 70, após a crise do petróleo. Entretanto, há 30 anos o tema voltou à pauta por conta das mudanças climáticas e pela ampliação do uso do hidrogênio em diversos setores da economia como vetor energético. Recentemente, o debate ganhou status de urgência e grandes investimentos.
A União Europeia tem planos ambiciosos para o papel que o hidrogênio vai desempenhar na matriz energética do continente. A meta é passar dos atuais 2% para 24% do total da energia consumida no bloco até 2050.
A UE estima que os investimentos em hidrogênio verde possam chegar a 820 bilhões de euros nas próximas três décadas e gerar até 5.4 milhões de novos empregos diretos e indiretos até 2050. Sem falar da grande expansão do mercado de hidrogênio verde, ampliando a capacidade de cerca de 200 MW em 2020 para mais de 94 GW até 2030.
Ao redor do mundo, 36 países já lançaram as suas estratégias nacionais do hidrogênio como África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, China, Chile, Colômbia, Coréia do Sul, Costa Rica, Egito, Emirados Árabes, Escócia, Espanha, Estados Unidos, França, Filipinas, Índia, Itália, Japão, Cazaquistão, Marrocos, Panamá, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Portugal, Reino Unido, Rússia, Tunísia, Turquia, União Europeia, Uruguai, e possuem grandes projetos em desenvolvimento.
A Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo, pretende também exportar hidrogênio verde. Recentemente, o país anunciou a construção de uma usina na costa do Mar Vermelho. Se concretizada, deve ser uma das maiores plantas de produção de hidrogênio verde do mundo com produção prevista para começar em 2025.
O Brasil também desponta como um dos líderes na corrida mundial para a produção do hidrogênio verde. Aqui, se produz 83% da energia elétrica por meio das fontes renováveis, como solar fotovoltaica, eólica, hidrelétrica e biomassa.
O potencial é enorme, tanto para consumo doméstico quanto para exportação. Além disso, será capaz de reduzir consideravelmente as emissões de carbono de acordo com as metas firmadas no Acordo de Paris.
Desde fevereiro de 2021, foram assinados cerca de vinte memorandos de entendimento entre os Estados do Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Piauí com empresas brasileiras e multinacionais. Os investimentos anunciados em projetos de produção de hidrogênio verde são estimados em US$ 22,2 bilhões.
A produção do hidrogênio verde ainda é cara, mas seu custo tende a cair, à medida que aumentarmos a produção de energia elétrica renovável e avançarmos no escalonamento da capacidade das plantas de eletrólise. A expectativa do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é que o custo de produção caia consideravelmente a partir de 2030.
O hidrogênio é um gás incolor, inodoro e insípido facilmente encontrado na Terra. Isso inclui combustíveis fósseis, água, plantas, animais e até mesmo em humanos.
Ele é um composto com enorme capacidade de armazenar energia, de baixo peso molecular e com grande quantidade de energia por unidade de massa que qualquer outro combustível.
Entretanto, raramente pode ser obtido diretamente na natureza. Sendo assim, para obter hidrogênio puro é preciso isolá-lo por meio de processos que envolvem fontes secundárias de energia. Dependendo da fonte e do processo que for obtido, o hidrogênio pode ser classificado como verde, azul ou cinza.
Hidrogênio Verde
Processo de separação da molécula da água (H2O) em hidrogênio (H2) e oxigênio (O), através da passagem de uma corrente elétrica gerada por fontes renováveis de energia. Portanto, não há emissão de carbono na atmosfera.
Hidrogênio Cinza
É produzido através da reforma a vapor de combustíveis fósseis, como carvão ou gás natural e é um subproduto de refinarias de petróleo. Por tonelada de hidrogênio, dez toneladas de CO2 são geradas e lançadas na atmosfera.
Hidrogênio Azul
É produzido como o hidrogênio cinza mas o CO2 não é liberado na atmosfera, e sim “sequestrado” e armazenado de forma subterrânea ou de forma a permitir posterior utilização para, por exemplo, a produção de combustíveis sintéticos.
De acordo com Peter Hoffmann, autor do livro Tomorrow’s Energy, “A não ser que apareça uma enorme revolução tecnológica nos próximos anos, o hidrogênio é o único combustível capaz de resolver esses problemas de forma satisfatória. O futuro dele como combustível, por enquanto, é inevitável”.
Portanto, tudo leva a crer que ter o hidrogênio como combustível será mesmo o futuro e que ele será o responsável por mudanças significativas na economia mundial e no meio ambiente.
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